História
do Folclore Madeirense
Recontando as preocupações de Thoms no que dizia respeito ao registo do
saber popular, Cáscia lembra que este estudioso percebeu a amplitude do
Folclore a partir dos acontecimentos triviais e insignificante, mas profundos
em elos, numa extensa cadeia, perdida no tempo.
Para afirmar esse universo de memórias, Antiguidades Populares ou Literatura
Oral, Thoms escreveu uma carta, publicada a 22 de Agosto de 1846, no Jornal
Londrino, The Atheneum, para apresentar uma palavra, de origem anglo- saxónica,
Folk-Lore para designar “o saber tradicional do povo”.2
Assim, foi encontrado o termo Folk-Lore, que, aceite e divulgado em países
de tradições ancestrais e, depois aportuguesado para Folclore, que
progressivamente, se debruçava nos estudos relacionados com a vida, costumes e
tradições do povo português, segundo os usos e costumes das várias Regiões.
“Apesar do estudo do Folclore ser relativamente recente, (...) é a cultura
mais antiga da humanidade, mais velha do que a História, pois mesmo antes que a
ciência histórica existisse, já os mitos, as lendas e o artesanato eram
transmitidos através das gerações desde os tempos pré- históricos”. O
Folclore não se limitou apenas à sabedoria popular, ao conhecimento adquirido
pela experiência, mas apoiando-se em conceitos da Etnografia e Antropologia foi
melhorando as suas técnicas e métodos de pesquisa, contribuindo deste modo, para
um melhor conhecimento da sociedade.
Recordamos as exortações do grande estudioso e amigo, Prof. Tomás Ribas,
então, Director da Divisão de Folclore e Etnografia do Inatel Português,
através da escrita e da linguagem, Conferências, Seminários e Congressos, em
que tivemos o privilégio de participar. Frequentemente ouvimo-lo argumentar
que, Folclore é a ciência do saber popular, fundamentada em vivências,
transmitidas de geração em geração, de modo implícito, silencioso e invisível.
Actualmente, há uma ideia, mais ou menos generalizada, de que no Folclore
assenta em quatro pilares fundamentais: a antiguidade, também chamada tradição,
a persistência, a oralidade e o anonimato. E, que o implícito, o silencioso e o
invisível, são tão importantes como as grandes manifestações de festas,
romarias e outras.
Sem nos apercebermos, o Folclore acompanha a nossa existência e influencia a
nossa vida de crianças, jovens, adultos ou idosos. Isto é reconhecido na nossa
maneira de sentir, agir e reagir. Somos produto da família e do meio em fomos
criados, sem excluir as influências exteriores que acrescentando e inovando a
cultura tradicional, dão dinamismo ao Folclore.
Tendo o Grupo surgido com o objectivo de representar a Madeira e as suas tradições, o traje artístico escolhido, foi aquele que se generalizou por todas as freguesias do Sul da Ilha nos séculos XVIII e inícios do século XIX.
Traje Feminino:
- Camisa de linho da terra; Colete ou corpete de cor vermelha debruado a liga verde, atado à frente com um cordel amarelo, bordado à frente e atrás; Saia listada, tecida de lã, fundo vermelho com riscas na vertical; Capa curta de baeta vermelha e romeira recortada em bicos e debruada a liga verde; Carapuça azul-escuro; Bota chã com debrum vermelho no cano.
Traje de Homem:
Trajo de Sereguilha - Calça comprida de sereguilha; Colete ou Jaleco do mesmo tecido; Camisa de linho da terra; Barreto de lã de ovelha (Castanho)
Traje de Vilão - Camisa de linho da terra, mangas compridas; Calções de linho; Carapuça azul; Bota chã e Faixa de linho na cintura.
Este é realmente um belo tema.
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